“Oh! Quão bom e agradável vivermos unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Aarão, e desce para a gola das suas vestes. É como o orvalho do Hérmon, que desce sobre os montes de Sião. Ali ordena o senhor a sua bênção e a vida para sempre”.
Israel assim como o seu povo é abençoado por Deus, dizem em histórias populares, que é o povo escolhido, situado entre a cadeia de montes de Sião, de onde se destaca majestosamente o monte Hérmon, um verdadeiro oásis, contrastando com os países vizinhos. Cortado por diversos e importantes rios, dentre eles o mais famoso, o Rio Jordão, às suas margens estendese verdejantes videiras e oliveiras assim produz tudo o que se planta.
Como Jerusalém está situada na parte central da Palestina, para chegar à cidade santa de qualquer parte da terra, é preciso “subir”, o que explica bem a razão de ser da expressão “das subidas”, circundada pelos montes de Sião, onde o senhor escolheu para morar, de onde se destaca majestosamente o monte Hérmon.
O monte Hérmon por sua vez, destaca-se pela sua magnitude, de tão alto, há neve no seu cume o tempo todo, e é de lá, que vem o orvalho santo junto com as bênçãos; A neve derretida forma os rios e os lençóis de água, e pela sua importância é que no salmo 133, se destaca de forma tão bela.
Quando David falava “Oh quão bom e agradável vivermos unidos os irmãos!
Importância que dava aos povos de diversas aldeias que iam aos templos de Jerusalém para rezar, e Jerusalém por sua vez, tratava a todos desta forma, acolhia quem quer que fosse, viesse de qualquer lugar.
E o óleo citado “… é como o óleo precioso…” era um perfume raríssimo à base de mirra e oliva, usado para ungir os reis e sacerdotes, e ou aquele neófito que aspirava a alguma iniciação. Importante a ponto de comparar com os irmãos unidos e a sua grandiosidade.
Agora quando fala “… é como o orvalho do Hérmon, que desce sobre os montes de Sião…” refere-se ao monte na sua pujança, a sua importância para a existência de Israel, dos montes vem o orvalho e o orvalho é a água, a vida, a natureza, o bem mais precioso.
Para situarmos melhor na história, falo agora do significado de cada citação, de onde podemos refletir e só assim, entendermos o que David dizia:
Os Irmãos
Quando o Salmo 133 sugere “… que os irmãos vivam em união…” estamos traçando um programa de convivência amena e construtiva, e se voltarmos no tempo, veremos que a palavra “irmão” se revela uma necessidade entre os homens e era mesmo. Com toques divinos, não menor necessidade que temos dela hoje, basta que encaremos o panorama humano dos nossos dias atormentados pelas divergências e alimentados pelo ódio mais profundo.
O Óleo
“Os óleos vegetais são produtos de secreção das plantas, que se obtém das sementes ou frutos dos vegetais, são substâncias gordurosas das quais muita comida líquida e de temperatura ordinária” Bem, podemos ver que não se trata de nova tecnologia, o óleo citado acima, usado para unção sagrada, era uma das espécies, porém muito especial.
Aarão
O membro destacado da tribo de Levi, irmão mais velho de Moisés e seu principal colaborador possui um peso próprio na tradição bíblica, devido ao seu carácter de patriarca e fundador da classe sacerdotal dos judeus.
A barba
Pelos espalhados pelo rosto, adorna a face do homem desde os mais remotos tempos, a barba mereceu dos mais variados, novos semitas e não semitas da antiguidade, um trato especial, destinaram-lhe grandes cuidados. Não apenas um símbolo de masculinidade e podemos exemplificá-la com os varões que engrandeceram o império Brasileiro, figuras imponentes pela conduta e em particular, símbolo de austeridade moral.
Os Israelitas a que pertencia Aarão, evidenciaram especial estima pela barba, a ela conferiam forte merecimento, apreciável atributo do varão, que externava pela sua aparência, a sua própria dignidade. Os Israelitas por si mesmo, pelo que ela representava raspá-la e eliminá-la do rosto demonstrava sinal de dor profunda.
As vestes
De especial significa litúrgico e ritualístico, eram as vestes daqueles que tinha por missão exercitar atos religiosos, como a unção, o sacrifício, o culto e variava de conformidade com os diversos ofícios religiosos para invocação da divindade.
Havia especial referência pela cor branca nas vestes sacerdotais, nas representações egípcias contemporâneas ou posteriores ao médio império, os sacerdotes usavam um avental grosseiro e curto, já o sacerdote leitor usava uma faixa que lhe cobria o peito como distintivo da sua categoria, enquanto que o sacerdote vinculado ao ritual de coroação exibia uma pele de pantera.
No velho testamento presume-se o uso de um avental quadrado, quando se fala na proibição de se aproximar do altar através das grades, talvez um precursor do avental maçónico.
Então o óleo sagrado era jorrado sob a cabeça da pessoa a ser ungida, descia pela barba e escorria a orla das suas vestes.
O orvalho
O esplendor da natureza oferece a magia do orvalho, que desce das alturas para florir de viço ás plantas, nada mais belo e nada mais sedutor do que o frescor das manhãs, verem como as folhas cobrem-se de uma colcha unida, onde vão refletir os raios avermelhados do sol que traz
luz.
No capim deposita-se o orvalho cama verde e amiga, em gotículas que, juntando-se umas às outras, vão nutrir a terra ávida de alimento, parecem espadas de aço ao calor do dia, nas pétalas florais, formando-se pérolas do líquido cristalino, espelho da vida que exulta ao redor.
O monte Hérmon
Trata-se de um maciço rochoso situado ao su-sudeste do ant Líbano do qual se separa um vale profundo e extenso, apresenta-se de forma de um circulo, que vai de nordeste à sudeste. Explicando um pouco mais, para entender a geografia desta região que viu nascer a história do mundo bíblico: O ant Líbano é a cordilheira que se estende paralelamente ao Líbano, separando das planícies de Bekaa. De todas as cadeias montanhosas, é a que se posta mais ao oriente, pois desenvolve-se do nordeste ao su-sudeste, por quase 163 quilómetros, as suas extensões e alturas são visíveis a partir do mediterrâneo; o seu ponto culminante é o monte Hérmon, com mais de 2.800 metros de altitude possui neve no seu cume e de lá o vento traz o orvalho.
O monte Sião
Também chamado de monte de Deus, o monte Sião não que seja santo por si mesmo, más porque o Senhor o escolhera para ser a sua morada, para todos, o monte será um refúgio seguro e inabalável.
O orvalho que escorre de Hérmon para os montes de Sião, como o senhor ali mora, é dele que escorre o orvalho abençoado, todas as suas complacências.
Em Salmos 2:6 vemos que Deus mesmo instalou o seu rei sobre o monte santo, “Eu, porém constituí meu rei sobre o monte Sião” O mesmo lugar em que Abraão ia sacrificar o filho.
A Bênção
Tudo que é bom é-lhe agraciado; Em Hebraico, o seu significado é “berakak” palavra que deriva de “Berek” que por sua vez significa joelho. Nota-se a relação entre uma e outra palavra, porque, sendo a bênção a invocação das graças de Deus sobre a pessoa que a recebe, deve ser colhida com humildade e unção, portanto, de joelhos em terra, reverenciado e respeitosamente.
Para os Semitas, bênção possui força própria, e por isso, é capaz de despertar a sua potencialidade energética de produzir a saúde, palavra que se acha envolvida por vibração, carregada de energia dinâmica e magia.
“O omnipotente te abençoará com a bênção do céu, com as bênçãos do abismo, que jaz embaixo, com as bênçãos dos seios maternos e dos úteros“.
(Génesis 49:25)
Assim “…Porque ali o senhor ordena a bênção e a vida para sempre…”
José Maria de Oliveira Fontes – MI – Ponte Nova – MG